quinta-feira, 25 de abril de 2019

Miragem - Marcus Viana

quarta-feira, 13 de março de 2019

O ovo narcísico...

O Ovo Narcísico...
   Estamos juntos, frente a frente e não sei o que dizer.
   Tive outros 3 durante minha vida, nenhum como você!
   Porque os outros, ao fim da espera, mesmo apesar do receio, de ansiedade e expectativas, ousaram quebrar-se e se comprometer e nascer. E juntos vivemos descobertas, medos,dores e alegrias, momentos de tantos diferentes sentimentos até que um dia criaram asas e partiram. De tudo, mas de tudo mesmo, o que ficou de sólido sem sombra de qualquer mínima dúvida, embora indescritível e sem medida que precisasse ter para ser ou comparar-se com outro que é... o que sobrou foi real, foi saber-se Amor. E desta experiência de amor e de tantas horas de minha vida roubadas por ele, por este amor, me veio tanta coisa mais, ainda que o destino sabido fosse o desprendimento, a despedida no ensaio da independência e libertação, desde o primeiro abraço! O que tínhamos era algo que eu já sabia, estava fadado a transformar-se para terminar do jeito que tinha sido, mas ficar de um jeito que vive para sempre.
  Mas você... olho e vejo você, este enorme ovo...e nós...o que posso dizer?
  O que posso compreender e saber de mim, do que sou, do que realizei, ou do que fomos enquanto juntos, o que verdadeiramente é real, se nem te conheço?! Mesmo após tanto tempo!
  Se olho para você e te conheço, se pelo menos nos comprometêssemos a ponto de você  mostrar uma parte verdadeira de sua face quando olha para mim e comigo está, por este motivo, ato de amor, encontraríamos nossos limites individuais, nos reconheceríamos sabendo em comparação o que somos e o que não somos, nos conheceríamos um pouco melhor. Acabaríamos por saber o que fizemos de "nós". Foi paixão e depois amor, e medo e depois amor, e erros, acertos, tentativas, algumas perdas e finalmente amor? O que foi isto afinal? O que é este ovo?
   De um jeito ou outro, desde que conheci sua história e o "milagre" que era sua existência, foi desde então que, há 47 anos o levo junto a mim, pra todo lado. Até mesmo quando, por pouco tempo me afastei de você. Eu o carreguei tantas vezes! Esquentava este seu corpo ovalado, protegendo-o muitas vezes de si mesmo quando saía rolando desembestado de encontro a tudo e qualquer coisa, num impulso de movimento rebelde e amalucado. Muitas vezes ia junto e me agarrava à sua casca resistente e rugosa feito ovo de avestruz e, romanticamente porque por muito tempo era assim que eu era, aventurava-me e o acompanhava, encontrando motivo para sorrir. Usava escudo e espada brilhante em defesa do filho do ovo que não eclodiu!  Pra falar a verdade, reconheço que, rir mesmo, mas rir de gosto ou rir junto foi raro. Talvez porque eu fosse mesmo sem graça e só sabia rir em sonhos ou por dentro de mim mesma, ou talvez porque você não me dava, afinal, a cara sorridente.
   Posso jurar, no entanto, que muito tempo foi aquele em que mesmo do meu jeito, calma e discretamente, sei que tinha tendência ao jogo do contente, e a cada manhã o sol me lembrava de como gosto da luz e a reconhecia por saber que tenho, lá dentro de mim, uma pedra que brilhava incessantemente. Mesmo apesar da chuva, tropeços ou lama, cada novo dia era, pra mim, um dia de sol. Um dia que prometia... Eu tinha fé.
  E olhava pra você, com a mesma ansiedade que se espera o romper da placenta do primeiro e amado filho esperado, ou de quantos vierem porque foi isto que escolhemos, eu esperava esta sua casca romper.
  - Seja! seja!! eu desejava. Com fé eu desejava.
  Mas eu morri muitas vezes, e renasci, ou rejuntei cacos, ou refiz minhas forças, pensando que éramos um só e a tudo venceríamos. Certo que devo fazer um aparte... durante as batalhas ou caminhos pedregosos, íamos de fato juntos, agarrados, todas as vezes. Contudo, após vencido o obstáculo ou o movimento desembestado, e em segurança, este ovo parecia dobrar de tamanho e a vitória parecia ser apenas sua. Me perdi tantas vezes pelo caminho, nestas ocasiões, que cheguei a duvidar de mim mesma. O que era eu? Afinal, queria ver nascer finalmente o milagre que estava no ovo, mas eu, o que era??? Eu não sabia nada, você tudo sabia! Eu era fraca? não sentia raiva? você era pura ira que transpirava por seus poros na casca na qual eu adormecia. Eu não podia sentir uma pontinha de raiva porque você a transformava em algo seu - e tão grande, maior do que eu poderia ou queria assumir. O tempo passava e eu aprendia como não despertar a ira dos deuses, ou das pessoas ou de mim mesma, tentando viver mais brandamente do que precisaria. Sublimava sentimentos ruins, não sei se para ser nobre ou para amortece-los e renovar a energia do ninho. 
  Passei por todas as fases. Cortei minhas asas, depois as recuperei para perdê-las após algum tempo, ou transformá-las em garras com dedos tortos e doloridos. Eu não sentia raiva mas Vivi na luz e na sombra, enfrentei meus próprios medos, cozinhei milhares de horas em banho-maria, e de tão medrosa hoje pelo menos sei que sou corajosa. É hoje, das poucas coisas que sei de mim. Esperei e esperei que este Ovo eclodisse. Até meu ninho no galho das árvores talvez já esteja perdido!
  - Seja! Seja, por favor!! Já nem precisa mais hoje, ser Amor!
  Nem precisava mais ser Amor aquilo que eu esperava ver nascer cheio de luz deste ovo. Basta tranquilidade, paz, basta ser uma carinhosa mão de apoio para andarmos por caminhos mais brandos e lembrar nossa história enquanto terminamos de envelhecer. Vamos ficar pra semente no coração e pra sempre como exemplo para aqueles que de nós, voaram? Vamos, por favor! Que herança deixaremos?
  Eu não lutava pelos "meus"  sonhos, mas pelos meus, que são outros, não apenas eu mesma.
  Nada parece abalar este que vejo em minha frente. Nada quebra esta casca rígida, perfeita e resolvida. Contudo, olho pra você, e não estou nem mais triste como algumas vezes fiquei, nem com esperança, nem sei dizer mais com que face olho pra você pois, neste tempo confesso, não foi mais fácil me conhecer. Nem mais tenho a pretensão de envelhecer sábia! Não me sinto vítima. Nem me sinto em pedaços, mas não estou inteira. Não sei respostas, nem o que teria sido mais correto. Meus olhos envelhecem mas, que pena, neste momento me fazem ver com clareza apenas o que sinto, e não sei se é para sempre, nem sei mesmo como posso ter coragem de dizer... Como vou dizer, amado e desejado Ser não nascido,  do ovo que cuidei por tantos anos?
  - Sinto muito, não quero mais ( não tenho mais estrutura, não sou boa o bastante).. ou será que interiorizei o que você e sua negação em eclodir e viver me mostraram como sendo uma real atitude de fria negação acima de qualquer promessa? ...sim porque palavras são promessas e um ovo é uma promessa... algo em potência... algo que ouvi tantas vezes como promessa mas que não vi se fazer.. Seja! Seja!!!
  Aliás, tanta incoerência me deixaram quase doida. Isto é amor? mas ainda nem nasceu! Será que sou eu que não sei mais compreender as coisas? Isto ainda é um ovo que eu cuido e espero, espero, espero? Como posso olhar para este enorme ovo, que hoje pesa mais do que eu, quando no inicio parecíamos iguais, e dizer..
  - Sinto muito, não quero mais ser responsável por você!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Exposição 3 Grandes Mestres e mais um...

Há alguns meses, a convite de uma amiga caríssima, Kátia, fui a "Exposição Grandes Mestres"- no Espaço Cultural Porto Seguro, em São Paulo.

Lá pude admirar algumas obras dos 3 Grandes Mestres Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael.

Ao sair do Museu tive uma surpresa : encontrei
o 4º Mestre ali mesmo, do lado de fora !

Suas obras :

























O Instinto de Sobrevivência foi o 4º mestre que inesperadamente encontrei.
Bem ali, do lado de fora do espaço da exposição, no alto de um prédio de poucos andares, lá estava, silenciosa, a sua Obra!
Também maravilhosa e digna de meu respeito e admiração. Nesta obra estava representado, sem dúvida, muito do que os 3 Grandes Mestres haviam vivido enquanto criavam e concretizavam suas idealizações: perseverança,coragem, anos de trabalho dedicado, sofrimento, esforço, dignidade, e alguma satisfação.
Aos meus olhos surpresos, sem holofotes, a céu aberto e silenciosamente, o Mestre Instinto de Sobrevivência mostrou-me uma de suas Artes.

Quem pode dizer que em certas condições, sobreviver não seja uma Arte admirável ?
crônica fotográfica:Vera Alvarenga

sábado, 29 de outubro de 2016

Transformando o que foi descartado...

Havia uma parte do jardim no condomínio onde até a grama tinha dificuldade de crescer, devido ao solo ressecado por causa das raízes das mudas de palmeiras plantadas pela construtora desde que entregou os  prédios.
As palmeirinhas cresceram.Suas raízes se espalharam de tal forma que causou infiltração na garagem porque estas raízes penetraram até nos canos que deveriam levar o excesso da água da chuva a um lugar seguro. Foi gasto um bom dinheiro para fazer novos ralos, e levantar uma parte do piso onde as raízes se infiltraram feito praga. No jardim, parecia que nada ia ficar bonito ali, mas não podíamos tirar todas as palmeiras.
Andando por perto da lixeira vi alguns tijolos quebrados, um vaso de plástico, umas pedras, algumas daquelas " tartarugas amarelas" que se colocam nas ruas para diminuir a velocidade dos carros...
Logo tive uma idéia.
       E levei aos poucos, tudo aquilo que parecia não servir mais pra nada, para o meu terraço.
Com a ajuda de meus pincéis, juntando umas coisas aqui e ali, mais a criatividade e disposição para o trabalho, consegui fazer o que mais gosto: - Transformar algo que parecia feio, inútil ou estragado, em algo bonito. Se gostarem da idéia, inspirem-se! Posso garantir que é trabalho que dá enorme prazer! (clicar nas imagens para aumentar)


Não posso esquecer que tive um
ótimo companheiro durante o trabalho:
- o CACAU.

Em boa companhia, qualquer trabalho fica mais agradável.





Se quiserem ver o resultado,
olhem mais um pouquinho, nas fotos de baixo.

Este é um bom exercício para a gente treinar nosso modo de ver o mundo, não deixando de enxergar o lixo, os erros, o que parece não ter mais remédio... e depois fazer uma opção para não se deixar abater mais do que a vida e as perdas já nos abate. Pois, em grande parte das vezes, a gente pode transformar as coisas, ou nossa maneira de ver o mundo e lidar com ele.







veraalvarenga.





segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Enquanto ainda houver.....

  Não me diga que a vida não é feita só de sorrisos, nem de flores são todos os nossos caminhos.
  Eu já sei!

Bem por isto não consigo olhar somente para baixo, andar todo o tempo nas sombras, pisar apenas na lama, sem me sentir deprimida. Se ao meu lado houver uma possibilidade de perceber o belo que Deus colocou em meu caminho, vou dirigir meu olhar para ele, nem que eu tenha de tropeçar ou cair porque me distraí por momentos, e esqueci o buraco no caminho.

Se eu pisar torto, cair e me machucar, provavelmente vou reclamar da dor, ou quase chorar se estiver com muito medo, mas vou levantar, nem que seja um pouco, o meu olhar à procura de uma flor, ou de um córrego de água limpa. Se não os encontrar, pensarei em algo. Construirei em meu pensamento livre, um pequeno oásis e eu mesma colocarei esta imagem na ponta daquela vara seca na qual tropecei há pouco. E vou segurá-la apontando para frente, bem ali na frente do meu nariz. Darei um sorriso amarelo e disfarçado pra mim mesma, pois é claro, vou reconhecer a tal história da cenoura em frente do nariz do burro. E seguirei adiante.

Se não puder criar meu oásis para transformar-se na minha cenoura, vou buscar no passado, em meu coração, lembrar de você que fez parte da minha vida e que foi uma das partes boas, diga-se de passagem. E seguirei em frente.
Ah! também sei que futuro e passado nada resolvem, mas minha determinação de continuar é sempre presente.
E se nada me consolar porque, hoje em dia, confesso, estou meio sem sonhos, sem desejos nem fantasias, talvez minha cara caia de cara na lama, com os olhos protegidos pelas mãos e então, só então, talvez chore, pois reconhecerei mais uma vez o quanto minhas vontades e sonhos, minha força e determinação podem ser inúteis muitas vezes. Vou chorar porque tenho em mim uma compaixão da humanidade que temos e de qualquer desperdício da vida, que é tão efêmera, tão delicada, tão vulnerável... E minhas lágrimas limparão meu rosto no momento mesmo em que eu estiver pensando em Deus, porque crer nele, é sentir que sou amada, que tenho um apoio, que tenho dentro de mim uma centelha dele o que me fará acreditar que há esperança. A brisa que sentirei em meu rosto vai me refrescar e tirar o pó dos meus olhos, e me fará olhar na direção de uma pequenina flor, ou verei alguém a quem oferecer um gesto, mesmo em pensamento, de compaixão. Talvez, receba outro gesto de ternura de uma pessoa qualquer que, como eu, aprendeu que a vida não é feita apenas de caminhos floridos e por ser tão frágil, é uma benção que não pode ser desperdiçada se tivermos qualquer coisa boa, por pequenina que seja, com beleza suficiente para nos abrandar a alma e preencher nossos gestos.
veraalvarenga  

domingo, 16 de outubro de 2016

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Céu de Santo Amaro - Flávio Venturini e Caetano Veloso

O amor faz coisas incríveis!

O amor nos transforma, não naquilo que não somos, mas no melhor que podemos ser. Não nos torna perfeitos, mas capazes de viver momentos quase perfeitos. Nosso desejo quando amamos é ver o outro feliz, é participar de sua vida trazendo-lhe coisas boas, fazendo-o sorrir e experimentar a serenidade quando estamos juntos. Em se tratando de um amor entre duas pessoas que são companheiros de vida, o desejo é tornar-se íntimo o suficiente para não nos sentirmos mais sozinhos, mesmo quando não estivermos juntos. É mantermos em segredo esta intimidade que só a nos pertence e somente por nós pode ser compreendida mesmo que não usemos palavras para explicar este sentimento. É a percepção de que, por não sermos perfeitos e mesmo assim nos amarmos, a compaixão resultante deste amor, abençoa o outro e a nós mesmos e aperfeiçoamos um pouco nossa humanidade. Amar é confiar.
Sentimo-nos inspirados quando podemos viver um grande amor, e somos abençoados quando percebemos que poder amar e ser amado é o presente de mais valor nesta vida. Diante do amor, tudo , todo gesto que não for inspirado por ele, nos parece grosseiro!
Existe, claro, muitas formas de amar ou se dizer que se está amando. Acho, no entanto, que uma pergunta que podemos nos fazer, depois de viver algum tempo um relacionamento de "amor" é :
- Como sou agora ou me sinto, com este amor que ofereci e recebi neste tempo? Como ele/a se sente com o amor que eu lhe dei? No que cada um de nós se transformou com a vivência deste amor?
veraalvarenga

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