sábado, 5 de maio de 2012

O cão e o homem do rio...

Hoje, sai para caminhar. Perto do edifício onde moro, avistei um lindo cão chow-chow e seu dono.
- Que lindo! Falei, e tendo a câmera a tira colo como sempre, parei e mostrei minha intenção de tirar uma foto, direcionando a máquina fotográfica, de longe, para o animal. Posso tirar uma foto? Perguntei apenas por meus próprios cuidados e uma ética que pensei, exagerada, pelo que fiquei muito sem graça pela resposta:
- Não pode! Minha mulher não permite que tire fotos.
Guardei a viola no saco e segui, mais sem graça do que antes. Reconheci logo, em mim mesma, ao desviar do cocô de algum cão que passara antes por lá, que o desapontamento fez subir pela garganta uma pergunta desaforada, que pensei fazer àquele homem.
- Sua mulher lhe dá sacos plásticos para tirar do caminho o cocô que seu cachorro faz na calçada?
A gente tem de fugir da calçada e caminhar pela rua, próximo aos portões dos condomínios, para evitar o local preferido dos cães para suas necessidades! Entretanto, me calei. Coitados dos cães. O que fariam com sua natureza? Aquele homem não levava nas mãos nada além da guia do cão de sua mulher. Era o marido da mulher, que era dona do cão e tinha direitos sobre ele que, seguia indiferente a nós, procurando o que lhe era urgente. E eu não queria discussão, mesmo porque, ali nas grades dos jardins do condomínio já havia avisos suficientes, para quem os quisesse seguir.
Então lembrei-me de um outro cão. Um vira-latas preto que conheci em Votorantim, e seguia, sem guia, o seu dono, um morador de rua. Naquela ocasião, caminhava à beira do rio quando me deparei também com um homem e seu cão. O homem desenhava e tinha o cão deitado a seu lado. Ambos livres de qualquer preocupação com sua comunidade, mas tendo um alto preço a pagar para viver nela, em condições tão difíceis e diferentes da vida deste cão que vi hoje. Este último, não tinha uma vida de cão! Já o homem que vi à beira do rio, sim.  
E o cão, daquele homem, como um guardião levantou a cabeça naquele dia, ao ver que eu me aproximava de seu dono e trocava algumas palavras com ele. O homem, mesmo em sua loucura e talvez por ela, me permitiu tirar algumas fotos de si, inclusive me mostrando seu desenho. Não me aproximei muito, por respeito e medo do cão, e do homem, que me haviam dito tratar-se de alguém meio maluco e por vezes, agressivo.Comigo ele não foi, nem o cão. Apenas começou a dizer algumas palavras que pareceram sem sentido, para mim, e me afastei. Sabe-se lá, que história ele teria para contar, se quisesse ou pudesse contá-las. Todos tem histórias.
Encontrei com o homem, outras vezes, no centro da cidade. Invariavelmente seu cão, amigo fiel, mesmo sem a guia o seguia atento. Também teria histórias para contar, este cão.
Mas eu não queria histórias, nem invadir a privacidade de ninguém. Na verdade, só queria fotografar o que fazia sentido, para mim. Ou o que parecia não ter sentido nenhum...  
Fotos e texto: Vera Alvarenga 








6 comentários:

  1. Esta comparação das 2 situações eu qualifico isso como inversão de valores. Simplicidade e educação. Provavelmente o cão não retratavel fez numero 2 e o dono intratavel não zelou pelos direitos dos outros.

    Vera, que foto linda deste senhor sentado perto do rio com o cachorrinho dele. Alias, não se preocupe, o que vc nao pôde fotografar ia "melar" mesmo! rsss....

    Beijos

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    1. Sissy, adorei seu comentário...kkk...você é mesmo espirituosa!
      Beijos e bom domingo!

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  2. Vera, como eu adoro tudo que voce escreve, fotografa, comenta, publica, envia, etc... não perco uma linha, sempre que possivel estou de olho em voce, no que diz.

    Beijos

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    1. Obrigada Sissy! Os planos aqui mudaram, mas vamos nos encontrar com um dos filhos,nora e netinhos, logo mais à noite. Farei lá pra eles, uma comida chinesa e vamos assistir a um filme,deitar no chão, com os netos ( enquanto o corpo não doer, depois pulo pro sofá..kkk...). Vai ser bom. Espero que seu domingo do dia das mães esteja sendo bom. Beijos. Vera.

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  3. Vera, que situações interessantes! Essa foto do senhor desenhando ao lado de seu fiel amigo ficou muito boa. Somos vítimas de grosserias constantemente, tirando fotos ou não, infelizmente. Pelo visto o senhor que aparenta não ter muita sanidade foi mais educado do que o marido dessa mulher.

    Vejo sua paixão pelas fotos. Bacana. Meu pai se formou em psicologia, exerceu a profissão, mas abandonou para se dedicar à fotografia, que tanto amou. Mas trabalhou no ramo da celebridades. Não era um paparazzi, só tirava fotos dos atores caso eles posassem. Por isso foi cultivando muitas amizades no meio artístico. Uma pena que ele não está mais aqui, pois ele iria gostar mt do seu blog de fotografias. Tenha um bom dia das mães. Beijos.

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  4. boa noite Vera,

    Muito bom e extremamente interessante, e com conteúdo... parabéns!

    vou seguir você por aqui e no dihltt...

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