segunda-feira, 25 de março de 2013

Nada pessoal...

Estavam sentados, lado a lado, quietos, olhando para um horizonte onde o sol começava a se esconder.
 Ele tinha um segredo. Ela também. E não falavam a respeito. Assim tinham combinado. Este fora o acordo desde que se conheceram. Bastava o presente, os outros e tudo o mais ficariam no passado e longe daquela ilha. Cada um deles se mantinha numa ilha menor, dentro daquela em que habitariam juntos. Não eram amantes, apenas dois que um dia se encontraram e decidiram conviver, e então, o acordo parecia perfeito.
  Parecia perfeito até a noite anterior em que perceberam que a convivência, de um jeito ou outro, fora abrindo brechas por onde, agora, entrava luz no quarto em que antes cada um, solitário, sentia-se protegido e confortável.
  Ela, tinha o olhar no horizonte, cheio de esperança. Ele, olhava para o sol que morria, sem esperança nenhuma. Ela colocou sua mão sob a dele. Desejava amá-lo, para sempre. Ele, aceitou o carinho, e porque já a amava, queria protegê-la. E pensava, neste momento, como fora bom conhecê-la. Apesar do medo que agora sentia de morrer, a presença dela trouxera vida e alegria para o tempo que lhe restava. Como poderia retribuir-lhe? O que poderia dar-lhe de si mesmo, se tão pouco tempo teria para ser o que era, o que desejava ser com ela? Talvez o sonho dela - sentir-se segura - isto poderia, em parte, fazer por ela. Estava resolvido, então lhe deixaria um presente, na gaveta da cômoda... Era a melhor sensação que sentia nos últimos anos. Era como podia amá-la, e amor é coisa boa de se sentir. Amar, era a melhor coisa que podia lhe ter acontecido antes de ter de partir... e aqueles foram os seus melhores dias.
  Na manhã seguinte, ela o encontrou mais quieto do que o costume. Queria dizer-lhe tantas coisas, queria beijá-lo e falar de seu amor por ele. Trouxe-lhe o café, mas ele não acordou.
  Depois de muito tempo em que ficou abraçada a ele, ao pegar um lençol para cobrí-lo, encontrou o testamento...deixava-lhe a cabana, naquela ilha, onde ela poderia sentir-se segura. Sorriu agradecida, lembrando como ele sabia ser gentil e terno... mas o que ela mais queria, não estava mais lá...

   Ah! este filme faz a gente pensar no amor sereno que chega lento e claramente ilumina tudo, no amor que nasce da solidão ou da necessidade de cada um, que a gente quer infinito, no amor que a gente não tem tempo de viver ou demonstrar, ou no amor que a gente tem e perde, naquilo que é o que a gente mais queria e está no outro, mas o outro não sabe ou não pode nos dar...

Texto/resumo : Vera - baseado no filme - "Nada pessoal" .
Foto: "Mãos"- Marcos Santos-USP Imagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será bem vindo! Obrigada.

Clic para compartilhar com...

Compartilhe, mas mantenha minha autoria, não modifique,não uso comercial

 
BlogBlogs.Com.Br
diHITT - Notícias