sexta-feira, 7 de março de 2014

O silêncio...





Há uma coisa que existe que, quando a gente pensa nela, já não é.Não que não existam outras assim mas me refiro a algo realmente raro.
- Penso, logo existo! Ah! Mas para esta coisa, o pensamento é como intruso que vem às escondidas tirar-lhe a vida. Rubem Braga escreveu que no silêncio vive a última palavra ou o último gesto. Fiquei encantada quando li isto.
   Há o silêncio no mundo que nos cerca e que às vezes emudece, e o silêncio que está entre nós nos envolvendo ou nos separando, mas também há aquele particular que se esconde no interior de cada um. Penso que no silêncio, que era ao qual me referia desde o início, naquele que eu posso chamar de "meu" porque a ninguém mais pertence e dele posso fazer o que quero, habitam também sentimentos mais antigos impressos como tatuagem, que vem inesperados como pássaros em revoada ou como água do mar quando enche o buraco que uma criança cavou na areia. Quando a gente olha para ele é como se visse, num dia de sol, o brilho daquele anel antes de cair no mar, ou como o desejo de sentir o abraço do homem amado durante um sonho numa noite fria. A visão dura apenas um segundo... se a gente estende os braços, já não está mais lá.
   Em alguns momentos ele vale ouro, em outros incomoda ou é melancólico.
   Nos meus momentos de silêncio, já viveram gestos de amor, pela lembrança daquele sentimento vivido tantas e tantas vezes. Em alguns outros, a saudade veio doida como jamais tinha sentido antes, talvez porque jamais tenha tido antes uma visão como aquela. Talvez porque no silêncio viva o último sonho, precisei deixar o barulho de mil palavras e dos ventos e também dos gestos passarem sobre mim, como se eu fosse deserto varrido por tempestade de areia. Tudo para cobrir em mim aqueles sinais, que como cicatriz ardia ao sol  mas se acalma quando protegida, ainda que sempre esteja lá.
  Nos momentos do silêncio do mundo, sentia saudades do que ficou de você, em mim. Já nem sei se é você que ainda está lá, se o que há de você é mais meu que seu, mas ainda sinto saudades.
   E houve alguns raros instantes do silêncio ao qual eu mesma me entreguei, pelo qual me deixei absorver em meio a natureza ou pela meditação, nos quais, surpreendentemente experimentei paz... e nela, eu nada mais precisava, a não ser me deixar ficar ali sentindo aquela presença. E assim como o silêncio, também esta paz a mente não conseguia compreender, e o tempo desta indescritível visão durou apenas um piscar de olhos, como quando a gente vê o brilho do sol refletido naquela pequenina onda no meio do imenso oceano...

foto e texto:Vera Alvarenga

2 comentários:

  1. Querida amiga Vera!

    FELIZ DIA DA MULHER (dia 08 é só um deles! todos são nossos)

    Bjs

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    Respostas
    1. Obrigada Sissy! Que sejamos fortes, e delicadamente frágeis...amorosas e briguentas quando necessário...e que as coisas do mundo não nos tire o sorriso dos lábios ao lembrarmos dos nossos sonhos...rs.... Beijos.

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