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domingo, 16 de agosto de 2015

Quer sentar-se comigo? Vamos jogar conversa fora....

As vezes dá uma vontade doida de pegar um café, uma cerveja, um vinho, uma limonada, seja lá o que for, e sentar ali com alguém e ter uma conversa amigável, não é? Cada um lendo um livro e de repente, pensando sobre algo, jogar conversa fora, como se diz. Se há uma coisa que dá saudade,  é de "ter uma conversa mansa". Li agora um texto sobre isto do Rubem Alves e me lembrei das pessoas com quem eu tive alguns destes raros momentos. Ô coisa boa!
  De tão bom eu sempre sonho acordada com isto! De tão raro e bom eu ainda tento "reproduzir" momentos assim, com outras pessoas quando há oportunidade.
  Olhar para alguém e compartilhar idéias, conseguir rir das diferenças de opinião, sem esperar por discussão ou, pior, "castigo."
Pode ser até que, por tão diferente, a idéia desconcerte, cause um choque ou pareça insana. Ou simplesmente canse, depois de algum tempo de conversa, a cabeça de um dos interlocutores que acabe por bem encerrar numa boa a discussão (amigável) do assunto. Claro que depois de um ter ouvido o outro, de se fazerem as ponderações e divagações cabíveis.
   Mesmo que não cheguemos a um acordo, além de tudo o mais, haverá a oportunidade de estreitarmos laços: - Você é meu amigo apesar de pensarmos de modo diferente, às vezes. Que bom! quando estou com você, posso sentir-me feliz por ser eu mesmo, e posso mudar, revendo as coisas nas quais acredito. No mínimo podemos rir juntos.
   È certo que, mesmo que tentemos justificar e com entusiasmo convencer o outro de que nossa idéia é de fato boa, não quer dizer que vamos lhe impor nossa verdade e menosprezar a dele. E não estamos falando de diálogos intermináveis com crianças ou adolescentes,nem de quando uma decisão se faz urgente e é necessário dizer: - É assim, e ponto final!
  Estou falando de conversa amigável e não importa se é com um filho adulto, uma pessoa velha como nós, um amigo ( quando ficamos mais velhos, como dá saudades dos raros amigos com os quais estas conversas eram possíveis). Lembro-me que meu pai, algumas poucas vezes, mas que ficaram gravadas na minha memória, quando tinha tempo, conversava comigo assim : - " E se tal coisa fosse diferente e...."
   Com meus filhos então, naturalmente me acostumei a ouvir ( mesmo que depois tivesse de dar ordens). Isto era trabalhoso e as vezes cansativo, mas conversávamos. Pelo menos eu tentava ouvir. Eu, de fato, queria ouvir! Talvez porque desde menina detestava algo que me "persegue", me incomoda desde então - quando alguém "nos castiga de algum modo" por ousarmos pensar diferentemente. Não falo de disciplina não! Isto não me incomodou nunca. Falo de atitudes de distanciamento ou daquelas frases do tipo:
- Não responda! Não se explique! Não me conteste! Se você faz tantas perguntas, se põe o que digo em dúvida é porque não aceita que o que eu digo é a verdade!
   Eu tenho certeza que, se você convive a vida toda com pessoas que lhe repetem e repetem isto, dependendo de seu jeito de ser, você aprende a esconder o que pensa, ou a não pensar, ou então, encolhe as idéias. No meu caso, acho que encolhi as minhas. Quando a gente fica mais velha então, e intolerante a discussões com os donos de uma verdade, e com preguiça de levar tudo tão à sério, acaba por ser seletiva sobre o que vai valer a pena conversar. Pudera! Devia ter ido para a faculdade de Filosofia, não de História. Isto foi um vacilo meu! Depois talvez eu nem tivesse tido tanta atração pela Psicologia, afinal, ao invés de desejar entender as emoções, estaria procurando entender o mundo e suas idéias!
  Ainda bem que nas minhas artes e em casa pude colocar em prática a ânsia de criatividade, mesmo que fosse num modo diferente de passar fraldas ou numa receita de esmalte para cerâmica. Bem, se encolhi minhas idéias não sei, só sei que agora não tenho paciência para levar tudo à sério ou para entrar em discussões sem fim, mas continuo a ter certeza de que o mundo é muito maior do que o que se pode afirmar, e mais interessante nas diferenças.
  Agora bateu-me no peito uma saudade danada das pessoas que me demonstraram seu amor me permitindo ter dúvidas ou pensar diferente, e conversaram comigo amigavelmente sobre as possibilidades...
  Todas as pessoas deveriam poder envelhecer com seus pares, tendo 2 cadeiras num jardim qualquer e algum tempo para sentarem lado a lado, bebericando fosse o que fosse, observando finalmente a vida... só pra ficarem próximos, mesmo quietos,  e talvez de mãos dadas apesar de suas diferenças, ou para conversarem amigável e mansamente sobre a vida, seus problemas e suas delícias....
   você tem alguém assim? convide-o/a! E vão lá para aquelas cadeiras...não esqueçam de levar banquetas para apoiar os pés, afinal, nesta fase da vida, algum conforto é fundamental!

foto e texto:Vera Alvarenga

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

" Como está o jogo, lá em casa?..."

 É impossível ler o texto de Rubem Alves e não parar um segundo para  responder a uma pergunta que aparece imediatamente a nos sondar, incomodar ou não...
  "- hum......Que tipo de jogo eu e meu/minha companheiro/a estamos jogando, afinal?"
Como está sendo o jogo principal de nosso relacionamento ? algo como o frescobol, que jogamos como amigos, na praia ao por do sol, para juntos ver passar o tempo de uma das melhores formas que se há de passar, com alegria e desejo de compartilhar bons momentos?
Ou será como o jogo de tenis, em que um interrompe quando o outro quer brilhar, um humilha e dá "cortadas" enquanto o outro se retrai ou se cala, um quer competir e ganhar sempre enquanto o outro quer apenas se divertir... Rubem Alves acertou em cheio quando fez esta alusão ao jogo... adorei o texto que recebi por email ( Tenis e Frescobol).
Passamos anos querendo jogar frescobol com alguém que gostaria de estar competindo pela medalha no tenis? E, um dia, quando enfim percebemos isto, olhamos para nós e percebemos que não nos tornamos o melhor que podíamos ser, como simples jogadoras do jogo da vida como costumo dizer, porque humilhadas, muitas vezes nos calamos, mas acabamos por perder a confiança e o brilho no olhar de total admiração pelo amor de nossa vida...um tipo de amor, um tanto minguado pelo jogo pode continuar, mas a alegria no olhar estará lá ?! Como competir, se seu intuito não é vencer? Como se defender, se cada jogada pode parecer ao outro um sinal de ataque?  Requer muito gasto de energia, um jogo jogado desta forma!
 Ou pode acontecer ainda o pior, se nos deixarmos amargar e nos tornamos parceiros secos, a revidar as cortadas. O inevitável é que, quem é sempre interrompido no seu prazer de viver compartilhando suas alegrias e sonhos, acaba ficando magoado, ou ainda com raiva. É um jogo fatal, quando jogado no relacionamento a dois! Na maior parte das vezes, em nossos relacionamentos jogamos ora frescobol, ora tenis. É preciso atenção e esforço mútuo para permanecer com as regras sem vencedor único do frescobol, firmes em nossa disposição e determinação de compartilhar o grande jogo da vida, pelo prazer de viver... não de competir ou de tudo transformar em contenda.
   Deixo aqui um pequeno trecho do que Rubem Alves escreveu, para servir de reflexão, afinal, ainda pode ser tempo de "mudar o jogo"! Ou de procurar outro parceiro, dependendo das circunstâncias e do que se queira respeitar dos próprios limites e da vida.

"Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim..."

E então...como está o jogo lá em casa? ? ? 
A única certeza que a maturidade me trouxe a este respeito é de que é preciso além da consciência para escolher as regras do jogo, TER CORAGEM, para não se render a um jogo que não se quer jogar! Precisamos coragem e condições para enxergar se nosso companheiro/a  escolheu espontaneamente jogar como adversário/a ou como  parceiro/a, pois é importante definir isto, a fim de que se a gente decidir gastar energia querendo mudar um pouco o "espírito" do jogo, ou "combinar" as regras, isto possa ser realmente aceito por ambos, com comprometimento espontâneo. Ou alguém sairá lesado.... 

Texto : Vera Alvarenga, baseado no maravilhoso texto de Rubem Alves(Tenis e Frescobol)
Foto retirada do Google ( foto de Rubem Alves)

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