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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Dois olhares para a mesma viagem...

- Olha só, que linda imagem!
- Onde?
- Ah! já passou!
- Tudo passa, mesmo quando estamos sentados...
- Tudo passa porque temos de ir para algum lugar, ora! Nesta viagem, pensei ter encontrado o lugar exato para me deixar ficar.
- Eu sei..se apaixonou pelas possibilidades. O lugar, de fato, parecia com aquele de um sonho seu. O jardim,  árvores maduras com frutos para dar, a casa, tão antiga quanto nós. Bom que não ficou.
- Fiquei por um tempo, conversando ali no jardim onde nos encontramos. Mas então, fiquei sozinha. O sol começou a queimar minha pele, depois veio a chuva, o vento, e eu, apenas a imaginar como seria bom naquelas noites frias, queijos e vinho, embaixo de uma manta xadrez de lã, abraçados, talvez chorássemos um pouco, para depois rir ao falar de coisas amenas. Eu tinha certeza que saberíamos valorizar os momentos especiais depois de havermos perdido coisas importantes. A casa tinha uma luz quente, mas o dono não me convidou a entrar e me dei conta de que estava muito frio lá fora. Então, ouvi o apito do trem.
- E nos encontramos de novo... Aqui estamos nós. Fico feliz com isto pois não costumo perder o que é importante para mim.
- Olha, que lindo lugar! Está vendo, junto àquela ponte, à direita?
- Não, não vi. Todo lugar é igual, não vejo como você se encanta...
- Cada canto tem algo especial numa viagem como esta. Por isto passei a gostar de tirar fotos, é um dos meus jeitos de eternizar momentos e os detalhes que pude ver. Quer ver algumas?
- Agora não.
- Mas você tem razão, todo lugar é bom, melhor se estamos com alguém para compartilhar...ainda bem que está aqui...
- Sim. Estar com você me deixa em paz. Fica quietinha, vou tirar um cochilo. Quando chegarmos, me acorda.
Texto:Vera Alvarenga
Foto: John Ryan

domingo, 28 de agosto de 2011

Basta sentir...

   



Nem tudo a gente precisa entender.

Há muitas coisas que a gente só tem que sentir.

Abrir o coração, deixar entrar e então...sentir.









Existe uma beleza no fazer arte ou estar diante dela..

é a de intuir que basta sentir, sem explicar, sem julgar, apenas deixar existir...


É como descobrir a beleza que existe em fazer sexo
com amor, que não se quer compreender nem é preciso ver, apenas sentir...









Isto acontece com os sentimentos ou momentos fortes que nos arrebatam, apaixonam...



Crônica fotográfica- texto e fotos:
Vera Alvarenga



terça-feira, 25 de janeiro de 2011

" O velho do rio..."

    Estavam indo para casa.
    - Estaciona aqui, por favor! Só um minuto, prometo.
   O marido estacionou o carro ali mesmo, na avenida, à beira do rio que passava dentro da cidade. Ela pegou a máquina fotográfica e caminhou uns poucos passos.Tinha visto patos na água. Duas ou três fotos, era do que precisava. Estava descobrindo o prazer de fotografar aves na água, com seus reflexos e cores que se ondulavam formando desenhos incríveis. A buzina a chamou, mas as fotos já estavam ali. Podia voltar ao carro.
   De repente o viu.
   E foi chegando mais perto. Tirou apenas uma foto, pois lhe veio a mente um cuidado..
   - Até que ponto poderia tirar fotos de uma pessoa, sem pedir-lhe licença? Mas ele estava recostado ali na árvore, cochilando. O lugar era público e ela não o exporia ao ridículo, não estava lhe fotografando para expor sua pobreza, mas simplesmente porque ele era belo. Ali naquela luz, naquele lugar, naquele exato segundo, ele era belo.
   A buzina tocou novamente. E ela se foi,querendo ficar. Entrou no carro perguntando ao marido:
  - Você viu que lindo?! O marido a olhou espantado.Ela completou - A figura dele, é interessante, não acha?
  Decidiu que iria pesquisar sôbre a ética na fotografia e que procuraria saber sôbre o homem. Na tarde seguinte, o marido disse que perguntou por ali e lhe contaram algo que parecia mais um boato. O homem, disseram, falava alguns idiomas e tinha sido importante profissional projetista, até que a mulher o deixou e.... Que história! Se ela fosse jornalista,seria uma história e tanto,mas ela não queria saber de sua vida, queria apenas fotografá-lo.O marido contou mais, que perguntou a uma assistente social, na Prefeitura, e que ela dissera que ele era "maluco", que tentaram ajudá-lo, tirá-lo da rua, mas ele era agressivo, dizia besteiras e não aceitava ajuda. Não havia para quem pedir licença para fotografá-lo, a não ser para o pobre louco.
   Outra tarde, estavam voltando do almoço e lá estava ele novamente. Ela desceu do carro e, com sua câmera se aproximou. Tirou uma foto. Ele estava desenhando! Desenhava num papelão. Chegou mais perto e assustou-se! O cão que estava deitado ao lado dele,levantou-se e latiu, como para avisá-la que ela não poderia se aproximar mais. Havia um limite a ser respeitado. Mesmo assim, ela arriscou perguntar a ele, se podia fotografá-lo. Sem olhar para ela, o homem ouviu, continuou desenhando e fez um gesto com os ombros, como para consentir. Seria mesmo maluco ou apenas um pobre homem, pobre? Ela quis conversar um pouco e ele respondeu, a maneira dele, com palavras que pareciam desconexas e que ela não podia compreender, por mais que se esforçasse. Então, ele disse algo como "homem nu" e ficou um pouco agitado.
    Ela o deixou em paz, com pena de ter de se afastar por medo e por não conseguir se comunicar com ele.
Afinal, disseram que era louco e podia ficar agressivo e ela não queria ser ferida, mas também não queria ferí-lo, nem invadir sua vida...pois talvez, ali debaixo daquela árvore,aquele cantinho fosse o seu espaço íntimo e, aquele momento que ele dividiu um pouco com ela, fosse seu momento de entrega a si, a suas lembranças ou a sua loucura.
   - Adeus, senhor. Obrigada.
   Só então ele olhou pra ela, levantou o papelão mostrando o desenho e, num instante,voltou ao seu mundo tão particular, como se nada mais existisse ali, além de seu cão amigo,sua arte e sua história.


 Texto e fotos: Vera Alvarenga                                                                        

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