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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Amor...

      Sou extremamente positiva, porque mesmo no auge dos meus sonhos ou da visão de minhas realidades, ainda que precisasse deixar muita coisa de lado, jamais desisti ou duvidei daquilo em que mais acredito, o que me impele a continuar.... 
   E, embora seja deste modo idealista e firme em alguns princípios,...quando te ausentas assim por tanto tempo que até mesmo duvido que um dia estiveste tão perto, quando demoras para vir, quando não sinto que, de algum modo tu estás comigo por momentos e o que tu representas transborda do meu coração, não posso evitar entristecer porque parece que a luz do mundo se apagou um pouco... de tão forte, extremamente forte que tu és, quando se traduz em sentimento que promove a vida – a minha vida.
   E antes, experimentei o contrário. A luz do sol brilhava em meu dia quando o sentia, quando o sabia perto, quando recebia tuas palavras, porque sem que estivesse isto em minhas mãos ou em meu poder, o amor vibrava então, e por tua presença, também em meu coração. E em presença do sentimento de amor que se esparrama como um rio dourado e fértil, o que se banha nele se torna melhor, e tudo que não é, nos parece por demais grosseiro.
   Sim, sou feliz com tanto que tenho, quando olho ao redor e vejo que tenho mais do que tantos. Tenho diferentes coisas do que já tive. Sou grata. Hoje, a consciência que antes procurava e me fugia, está a impregnar-se em meus momentos, embora ao mesmo tempo me sinta desapegar-me de tudo. Tenho uma tranqüilidade que antes não tinha, e tempo para mim... mas isto não impede que perceba que a inevitabilidade das coisas me faz sentir medo, algo que antes não sentia. A maturidade não impede que sinta falta de tua presença...  amor.
   Meu amor ... néctar, bebida  doce que faz esquecer como somos limitados, nós, os seres humanos, e me permitia relaxar e descansar de meus cuidados em almofadas de cetim...
   Deixa-me sentir teu olhar amoroso de novo e o bater de tuas asas douradas em meu coração de pedra... e serei leve e livre novamente...
foto e texto: Vera Alvarenga. 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Emoção e medo, no julgamento da Ação Penal 470

Acabo de assistir a uma parte da denúncia feita pelo Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, ao Superior Tribunal Federal, para o julgamento da Ação Penal 470 ( Mensalão).
   Uma denúncia que começou a ser feita desde março de 2006. Era preciso provas e investigação. Entre as acusações estão crimes de formação de Quadrilha,Corrupção, roubo e desvio de dinheiro... do nosso dinheiro, do dinheiro público que é arrecadado entre os cidadãos de bem que ainda querem viver sob a tutela da Justiça/Lei, e obedecendo a ela, dinheiro que deveria ser reinvestido para o bem do povo, do cidadão deste país! Crimes, devo lembrar, como qualquer outro quando uma quadrilha assalta um banco, ou um bandido, a nossa casa. Só que, muitos destes de que falo agora, tem "imunidade" parlamentar( o que minha ignorância não permite compreender!) Só que esta quadrilha, em tão pouco tempo, roubou mais de 1 bilhão de dólares! Só que há, infelizmente me parece, algo como uma quadrilha a proteger outra, como mafiosos, neste meio político, em que a impunidade começou a prosperar - porque então, não há mais limites, nem medo das consequências e para eles, apenas o céu é o limite!
   Hoje, este procurador Roberto Gurgel apresentou as provas, a denúncia e pediu a condenação de 36 dos envolvidos.

   Enquanto tantos de nós clamamos por uma igualdade impossível ( que familiares de políticos estudassem nas mesmas escolas que os nossos, que fossem tratados nos mesmos hospitais) e isto anda deixando o povo doente, porque desesperançado e triste, que pelo menos, nossa esperança possa recair, sem medo, na JUSTIÇA! Para que ELA possa devolver um pouco da dignidade ao povo enganado.
   Impossível não ficar emocionada, e com medo, neste momento tão importante e às vésperas de um julgamento que terá repercussão de tão grande alcance. Porque, o resultado deste julgamento, na minha opinião, alcançará cada um dos lares de nosso povo. O Superior Tribunal Federal deve ser respeitado por nós,por cada um dos cidadãos comuns e por todos os poderes, porque representa nosso interesse pela Justiça em seu mais alto nível! Em suas mãos está agora o poder de dar um passo decisivo para o início da moralização dos atos criminosos de políticos e governantes deste país, e de acabar com a impunidade dos que detém algum tipo de poder nas esferas políticas, o que vinha servindo de estímulo para todo tipo de crimes em qualquer outro nível, e por consequência, vinha tirando o sossego e a paz de todo cidadão de bem, cumpridor de leis que se sentia cada vez mais acuado diante de tanta barbaridade cometida contra as pessoas, as famílias brasileiras.
   É sabido que nós, o povo, somos roubados, agredidos e usurpados em nossos direitos à boa saúde, excelente educação e tantos outros direitos e recursos que nos chegariam se, tantos crimes e roubos não estivessem a ser cometidos impunemente, primeiros nas mais altas esferas e depois pelos bandidos menores, mas nem por isto menos perigosos. A chantagem, a impunidade e a corrupção precisam acabar, se queremos poder ter esperanças. E é esta uma importante ocasião para uma medida exemplar o que abrirá portas para um crescimento e desenvolvimento maior do nosso país, de todos nós. Pensemos quanto dinheiro é desviado dos hospitais, de escolas, do esporte, etc, para os bolsos, cuecas e contas no exterior, de poucos! Melhor começar de cima, lembrando que esta correção servirá de exemplo.
   É preciso que a Justiça não se deixe intimidar, não se desvie de seu nobre caminho e intento de viver para o que foi criada -  proteger o cidadão de bem que respeita a lei, em seu direito de viver em paz, segurança e igualdade. Este mesmo cidadão que dia a dia, já vem há tempo perdendo esperança, e se intimida diante de crimes e atos desrespeitosos praticados pelos que deveriam trabalhar para o bem deste cidadão. E, em consequência disto, a corrupção se alastrou em todos os órgãos, até na polícia, e em todos os níveis, de uma forma tão assustadora, que já não conseguimos dormir em paz, com tanta violência. Deus, estamos sozinhos? Precisamos da Justiça, com sua espada e sua honra!
   Abaixo da venda que cobre seus olhos para impedí-la de desviar seu julgamento do que é justo e correto, abaixo da venda que tem nos olhos para que seja sempre imparcial, que a Justiça tenha o dom da visão da águia, que pode ver muito à frente, para pesar em sua balança as consequências de seu julgamento neste caso! Hoje, ainda são os que tem o poder político, que roubam bens e direitos impunemente, amanhã serão, talvez qualquer quadrilha que tenha armas e saiba impor a violência.
   Que as mentes dos magistrados, e seus corações sejam iluminados, que seu discernimento mantenha-se claro, seu julgamento firme e justo, sua moral e espírito íntegros! Que não olvidem jamais que todos nós, toda a nação, cada uma das crianças desta nossa pátria, desejam ter a esperança de dias melhores, com deveres, direitos, segurança, saúde, alegria e paz!
   Deus os abençõe!
Foto: retirada do Google
Texto: Vera Alvarenga      
  

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O medo, escondido...

 Caminhava, distraída, com um pensamento que lhe marcava com mais rugas, o rosto. Havia falado disto, um dia antes, com uma amiga a quem confessara sua covardia.
- Por que este medo? Sentir medo era algo bom, assim considerava, pois com ele sabia seus limites. Mas, e este medo de não sei quê ?! Esta insegurança que vinha sorrateira apertando no peito o coração, espremido, confuso...
- Por que, se tudo parece finalmente entrar nos eixos? Impossível lidar com um medo que vinha, não como aliado, mas como inimigo camuflado. Tentara fazer de conta que não existia. Ignorá-lo, durante o dia era fácil, mas à noite, logo após deitar-se, quando vinha das entranhas e subia pela coluna, com um arrepio nas costas, era outra história. Como encarar de frente o medo, se ele não tinha cara? 
O amor é verbo, o melhor do amor é amar, pensava, enquanto lembrava que eles tinham tido uma longa história de amor. Não ela e o medo. Ela e o homem, cuja mão puxava e colocava no peito, cujo corpo usava de escudo para proteger-se daquele frio. Talvez fosse o inverno a gelar os lençóis... não, não era. Era um medo, nem sabia de que, que só passava com o calor dele e a mão a apertar-lhe levemente o seio como a dizer-lhe :
- Pronto, estamos juntos. Ao que seu coração respondia - Agora, estamos bem. 
O medo assim, sem nome ou personalidade, nem razão aparente, não tinha nem mesmo caráter embora caracterizado. Despia-se de importância. Pareceria tolo como o ator principal que entrasse em cenário desconhecido, num palco pouco iluminado e quisesse interpretar seu papel para um público inexistente. Entretanto havia um público - e era ela! Ela estava ali,assistia o drama, e era também o cenário e o palco,  e o próprio ator com seu tema, e as emoções que rolavam no ato. Não, não era uma tolice! Era forte e vivo este personagem sem rosto.
Seus pensamentos quebraram-se com o susto - o som alto da sirene de uma ambulância que vinha de trás de si, na rua. 
- Pobre de quem está ali, pensou. Este sim, com sua vida ameaçada, tem motivos para estar com medo. Não eu, que apenas descubro minha covardia....
  E a ambulância parecia voar, perto, bem perto... E então ela percebeu, claramente. Um choque. Foi a ambulância que bateu em seu corpo ou a verdade que esbofeteou-a na cara, ofendida com sua insensibilidade? Logo ela, tão sensível e vulnerável ao sofrimento alheio que precisava usar uma couraça, por vezes, para proteger-se. Ela, cujo corpo sentia tão facilmente a dor que, há tempos, insensibilizou-se.  
- Insensível! ouviu o grito de dentro de si mesma. 
E então, ela recordou e sentiu o mesmo que antes. Sentiu a vida esvaindo-se de si mesma. A alegria, a ternura, tudo indo embora. De tudo que vivera, de tudo o que era, nada restaria diante da ameaça sofrida. Apenas, por momentos, a dor  e a angústia do morrer. Corpo e alma debatendo-se pela sobrevivência. Como aquele que se afoga no oceano, não ela mas o verbo em si , estendeu as mãos, no último esforço, e agarrou-se ao apoio que o manteria à flor da água, até que pudesse respirar e recobrar forças. 
- Mulher ao mar! Gritou o verbo, na intenção de salvar a mulher. Nenhum barco ou salva-vidas, ninguém nem ao menos para compreender porque se debatia. À distância, e para poucos olhares, ela parecia apenas divertir-se na água rasa. Não era possível para eles compreenderem que ela lutava pela vida.
   Ah, o amor... Amor não é apenas sentir, é amar. Foi deste mesmo modo, que sua alma lutou quando sentiu que o amor de dentro de si, ameaçado, morria. Morriam os dois, ela e o verbo. E quem, diante da dor e da ameaça de morte não sentiria medo? Quem? 
  E quem era o algoz? Era ela, a insensível! A que não queria mais amar, sem saber que isto a mataria também. E o medo tinha de esconder-se de tão lógica criatura. E escondeu-se, bem nas entranhas...
 ...Foi quando viu o pássaro ferido a afogar-se naquele oceano de perda, dolorido como ela. E desejou salvá-lo. Descobriram que ainda tinham asas. Ela, vestida com toda a coragem do mundo, voou. E voaram até a praia e com simples gestos, salvaram um ao outro.   
   Já não sentia tanta dor. Estava apaixonada por um pássaro, ou era o efeito de uma droga alucinógena  que lhe tirava o sofrimento? Não importava, era bom. O amor era verbo e ela percebeu que ainda podia voltar a amar.... Mas isto foi há tanto tempo...onde estava o pássaro?  onde estava ela, agora? 
   Aquele medo, o pavor, o susto por ter a própria vida ameaçada, foram absorvidos pelo corpo, e ficaram lá, escondidos. O melhor do amor...é amar. E sua vida, que não fora em nada importante a não ser por poder amar, fora ameaçada de morte. Sua alma assim o fora. Por isto havia o medo, que escondido tinha perdido a forma, a cara, a razão, mesmo depois que ela acordou na praia. Ou será que foi no hospital, ou na calçada depois do susto? Não importava. Alguém, junto a si, lhe estendia a mão. E abraçou-a. Por algum motivo tivera medo de perdê-la. No início, ela não o reconheceu, embora o conhecesse há tanto tempo...durante o dia, alerta, olhava-o desconfiada... quem seria aquele? Seria confiável? À noite, quando tudo era paz, entregava-se ao destino que era dela e deixava-se aquecer por aquele sentimento.
   ... Ela entendia. Se ninguém mais a compreendesse, não faria diferença. Hoje, ela conhecera a cara do medo. Sabia porque ele tinha se escondido em suas costas. Após olharem-se um nos olhos do outro, andavam agora,lado a lado. Com sorte, a confiança sopraria uma brisa morna e ela não sentiria mais frio, se o tempo do verbo se mostrasse presente. Breve, talvez não sentisse mais medo. Aliás, nem fora ela que o sentira, pois que já havia desistido. Foram o amor e a alma, os que viviam dentro dela. Foi o verbo, que não quis morrer!
   Ela, por seu lado, não se julgava mais covarde. E ainda lhe restaria conjugar o verbo em todos os outros tempos...  
Texto e foto: Vera Alvarenga     
   

   
  

sexta-feira, 4 de março de 2011

O grande o e pequeno silêncio...

 Ao ler um texto de Clarice Lispector, no qual ela fala de um grande silêncio,refleti sobre o como ele me afeta.
O grande silêncio? Sinto falta quando não o tenho! é nele que medito,renovo energias,sossego a alma e a mente curiosas. As respostas? Vem depois dele, ou apenas a tranquilidade do sentir-me novamente centrada. É o pequeno silêncio que hoje pode me incomodar- aquele que se mostra no virar das costas de quem se afasta, porque encerra o que poderia ser um diálogo. Mas me irrito comigo mesma, por não tê-lo ouvido há mais tempo, já que sempre esteve ali.
Mas o grande silêncio...este não temo! Eu, às vezes me assusto se logo após sair dele, me deparo com alguém em ritmo ansioso, que com voz de pedra esteja a cobrar algo que só lhe posso dar, se entro novamente no girar da pequena roda gigante do hamster ( sabe qual é? aquele brinquedinho que colocam na gaiola do ratinho, que gira e gira?). E hoje, quando isto acontece, num rápido instante me lembro que já sei o que fazer e ainda me dá tempo de marcar com ele, o silêncio, meu próximo encontro.

   Durante o grande silêncio da noite, olho ao meu lado e ao ver quem ali está, meu coração se enche de paz, porque neste silêncio nos encontramos e eu me lembro o quanto o amo e quanto o amei. 
   No grande silêncio da noite hoje, posso fechar os olhos e ver um rosto no sonho de amor que idealizei, que nada mais é do que um sonho, mas está na lembrança como algo que um dia já tenha vivido ou desejado tanto, que talvez ainda que seja em sonho, possa encontrar...
  
Texto e fotos : Vera Alvarenga

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Aprender a nadar,aprender a viver...

   Como era bom estar na água novamente!
   Final de uma tarde muito quente. A água estava na temperatura ideal. Envolveu seu corpo, proporcionou prazer. Conseguiria atravessar a piscina? Há meses que não nadava e mal havia aprendido! Ainda tinha medo. Uma vez, engoliu um pouquinho de nada de água mas como não dava pé, tossiu, se engasgou, foi horrível. Não queria lembrar. Não podia lembrar, ou não chegaria do outro lado! Afinal a piscina não dava pé, a não ser no início...ou no final de todo esforço.
   Deu uma braçada e mais outra. Estava indo bem.    
   - Engraçado isto! No início as coisas são fáceis, não parecem oferecer risco.Sim, era uma armadilha, sedução, um convite que parecia levar à ventura desejada, mas então no meio do caminho, tudo ficava mais difícil, quase impossível. Ela tinha certeza de que não dava para desistir...tinha que chegar até o final. O final, apesar de tudo,sempre traz uma possibilidade de sucesso e é seguro novamente, mesmo quando tristemente for apenas o final. Mas é preciso chegar lá, ver a linha de chegada claramente, ver as possibilidades. É impossível ficar em luta o tempo todo, para se manter na superfície e não se afogar...calma...mais um pouco, mais um pouco e você consegue.
   - Nossa, como isto cansa, vou desistir... seguro na borda,descanso e saio daqui. Respiro aliviada, no meu ritmo, volto para minha rotina e pronto. Não, não posso! Concentre-se. Sinta o corpo, pense nele, na sensação boa que vai ser poder entregar-se sem medo. Como é bom isto!
   Ela pensou nele. Por que não? Serviria de incentivo. Fazer algo bom para si mesma, a fez lembrar dele.
   - Dele quem? Do corpo? Atenção, calma, respire... Pra que fui inventar isto?
   - Ora porque é bom! pense, como é gostoso sentir o corpo cheio de vida, fresco...
   - Quem é gostoso? Ele ou o corpo? ou estar com ele?
   - Nada disto, estar aqui! Quase se engasgou...teve vontade de rir de si mesma. Valeu! O escuro da raia demarcada, dos limites estabelecidos, tinha terminado. Então, faltaria apenas mais uma braçada, duas e ...
   Não aguentou, parou antes do final. Frustrada,tirou a cabeça da água, como se há muito não respirasse! e respirou como para se devolver à sua própria vida. Ar é pensamento,raciocinar... precisava respirar devagar...recobrar o controle dos sentidos, acalmar seu coração que disparava quando nadava e também ainda quando pensava nele. Pensar nele ainda a fazia sorrir dentro de si. Sentiu-se frustrada. Não queria desistir. Disto não! Mas não queria fazer feio, engasgar, passar ridículo... Ora, para o inferno seus medos! Olhou para frente. Piscina quase vazia. Liberdade para tentar, errar. Como era difícil aprender a nadar ( e a viver!), como era difícil coordenar a respiração, o racional, com a água, tão teimosamente macia e perigosamente emocional! Contudo, valia a pena. Se conseguisse  sentir-se segura, se pudesse entregar-se totalmente a ele, sem medo...
   - A ele quem?
   - Ao coração, ao corpo, ao amor... juntar tudo e ela mesma, à vida, à emoção, à água... seria tão bom.
   Respirou fundo, procurou o salva vidas, estava lá, lá longe. Colocou novamente nos olhos o que a faria enxergar melhor dentro de tanta água, tanta emoção e foi, entregou-se ao seu exercício em busca do prazer de viver! Mesmo que tivesse de aprender a nadar sòzinha!

Foto e texto: Vera Alvarenga
   

terça-feira, 14 de setembro de 2010

" A Incoerência e a Sensibilidade..."


Ao abrir aquele email e ver a primeira imagem, da mensagem que alguém mandara, foi envolvida pela música, como se fosse um abraço do homem amado.
Ficou presa naquele segundo, ouvindo o som da música suave, que parecia fazer parte dela e os olhos se fixaram na imagem, como se as palavras que viessem depois, não tivessem mais importância.
E, deixou-se levar pela música e, com o olhar primeiro, depois com o corpo todo, e todos os sentidos, penetrou na imagem, até se perder, dentro dela.

Foi quando percebeu a grande incoerência que morava em seu peito.
Não era uma mulher triste...mas a tristeza morava nela,em algum canto. Havia uma nostalgia de não sei o que, que fazia parte dela e a deixava assim... como se estivesse sempre a um passo de se deixar tomar por uma emoção tão forte, mas discreta, diante do que era belo e bom.
Não havia culpa, nem culpados, tudo estava bem, e melhor do que estivera dias antes.O presente é sempre o melhor que se pode ter, e a verdade também.
Ainda assim, nela havia a presença de um sentimento que ela, por não saber definir, pensava ser tristeza.
Alguém podia pensar que ela queria ser triste, mas não, era a consciência do irremediável.
Ao mesmo tempo, reconhecia em si, ainda a mesma vontade de viver a vida, a mesma gratidão pelas coisas e beleza que a cercavam, ainda tinha olhos para ver o outro lado de tudo, perceber uma outra opção, sempre possível para comemorar a vida...do contrário, se morreria!
Talvez fosse a ternura, que morasse no coração e ela pensasse tratar-se de um amor que precisava entregar.
Quem sabe fosse o medo, ou  a tal incoerência...consciência de algo mais sutil, embora forte, que a unia a tudo e dissolvia ao mesmo tempo... como acontece no amor.
Talvez por isto ela tivesse a sensação de que fosse amor, que morava lá e ela precisasse oferecer e viver, por ser semelhante ao momento em que dois se entregam e alcançam o clímax...
Talvez ela estivesse, mais uma vez a agradecer a vida, a se emocionar com ela dentro de si, e apenas não soubesse o que fazer com a sensibilidade....
Talvez ela fosse feliz, por saber-se capaz de amar desta maneira, e isto a emocionasse tanto quanto a deixasse triste, só por conhecer de si, a força de tal sentimento.

Texto e foto: Vera Alvarenga

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

“É mais fácil falar, do que realizar em si”...

     Como comentei no último post, há momentos de “tempo fechado”, cinza, chuvoso e triste, quando a motivação de uma vida, desaparece. É como uma morte – a vida perde o sentido e você perde o chão. Estes momentos, podem ser seguidos por um sonho, ao qual você se apega, e dele se nutre para sobreviver. Este sonho se transforma em algo tão bonito que você se emociona, e ele te ajuda a recuperar forças, como um raio de sol, mesmo que mais tarde, você se dê conta de que ele seja impossível de realizar.
     Até que um dia, você recebe o convite para um casamento do filho dos amigos mais queridos e, você não vai! Tudo porque, para seu espanto, você não tem coragem de enfrentar o “social”, naquela linda festa, onde você deveria ir de vestido longo. Você fica assustada por perceber-se tão frágil e ver que seu problema é não confiar em você. Sente medo do mundo, virou “um bicho do mato!”
     Também pudera! Até aquele sonho, pelo qual você se apaixonou, te mostrou o quanto você acreditava não ter feito o bastante, para merecer a realização dele.
     - “ O que eu tenho de importante para interessar alguém? Por que não consegui ser a mulher independente que tantos admiram hoje? O que eu sou hoje, além de uma mulher que se sente perdida sem um homem para amar e por quem ser amada?”
     É evidente que, muitas vezes, os sonhos não se realizam, não porque a gente não tenha feito o bastante, ou por não merecê-los, mas por motivos alheios a qualquer culpa que a gente possa pensar que tem.
      Ser forte, agüentar a secura de tempos e gestos áridos tentando não me deixar abalar demasiado por minha sensibilidade, eu consegui! O erro foi talvez pensar que pudesse me habituar a isto. Consegui ficar sozinha quase um ano e sei que não se morre disto. Apesar de tudo, reconheço que o que ainda me move, não é o desejo de ser independente, mas o de viver a vida com a alegria de ser amada e amar.
     Já não me importa mais, no momento, porque sou assim, tão decepcionante e longe dos padrões que poderiam ser admirados! Estou cansada e não preciso saber de todas as respostas. Afinal, porque eu preciso produzir algo importante se quiser ser amada? Se alguém pensasse que estou a provocar elogios...é disto mesmo que se trata aqui, mas são auto elogios. Estou procurando o remédio para minha auto cura.  É a mim mesma que quero convencer. É o peso de minhas próprias crenças limitantes que quero aliviar e, como é mais fácil falar do que realizar, preciso repetir muitas vezes, para mim mesma, o quanto preciso confiar em mim, e destruir esta crença de que ainda não fiz o bastante e que, não sei como, penetrou e tomou lugar em minha mente. Assim, decidi, por um tempo, diariamente me lembrar :
     - “ Se sou capaz de gostar de outros, sem exigir tanto deles, incentivando-os a se valorizarem, porque não posso acreditar que mereço ser amada por mim mesma, e ser feliz, mesmo sendo a mulher simples que sou?”
     E assim, estou trabalhando isto, repetindo para mim mesma, o que costumo fazer outros acreditarem sobre si. Se conto isto aqui, no meu amado Sr. Blog, por quem me apaixonei há alguns meses, é porque acho que muitas pessoas falam sobre o que é o ideal sentir, mas pouco sobre o que realmente sentem. Se para outros é fácil, para mim não é. É mais fácil falar, do que realizar em si...podem crer. Para mim, é um dos  desafios do viver!
    Texto: Vera Alvarenga
    Foto : site da da internet, pode ter direitos autorais

sábado, 26 de junho de 2010

- " Saúde, presente de inestimável valor..."

   Outro dia duas amigas contaram que estavam indo a hospitais,porque vão se submeter a cirurgias. Claro que a gente deseja que tudo corra bem e procura levantar o moral com mensagens e um pensamento positivo.
   Contudo, foi difícil deixar passar em brancas nuvens! Não consegui deixar de pensar: -" coitada"... eu bem sei o que é estar no hospital, naqueles longos minutos enquanto aguarda a cirurgia, tentando se fazer de forte, enfrentar o medo e se segurar para não sair correndo, feito louca, corredor e porta afora do hospital. Quem me viu,nestas ocasiões, sabe que consegui controlar o medo e, na hora "H", o que ajudou mesmo, foi aquela conversa íntima com Deus, na qual a gente se entrega nas mãos dele e pensa: "O máximo que poderá acontecer é eu morrer. E aí vou saber se existe algo além desta vida, para o meu espírito e até que ponto ainda serei eu, ou terei lembrança desta vida. Se existir, não tenho com que me preocupar. Se não existir, não adianta me preocupar agora, porque esta droga de vida seria então, muito curta, frágil e sem significado para os humanos, que tem tanta consciência de si. Então, Deus, eu não queria morrer agora, me entrego em suas mãos e ilumina o anestesista e o cirurgião, por favor!"
     Sim, foi meditando assim, que consegui me segurar ali, naquela sala de cirurgia gelada, numa maca estreita, enquanto alguém mascarado me pedia para contar de trás para frente. Foi assim também, que me entreguei, humildemente, nas mãos de outros seres humanos e D´Ele.
     Entretanto, pior que estar ali na sala, é ficar ao lado,acompanhando, sem anestesia, tudo que acontece com um filho ou a pessoa que você ama e vê ser levada para lá. Meu Deus, me lembro quando meu marido foi fazer a cirurgia que resultou em 5 novas "pontes", das quais ele se vangloria, dizendo que com ele, não poderia mesmo ser qualquer coisa menos importante! rsrs.... Claro que é sua maneira de brincar com algo que foi sério. A sensação de impotência que a gente tem, neste momento, por mais que deseje proteger, ajudar, é horrível, mas nos mostra que, nem tudo podemos controlar e que, nestes casos, cada um de nós estará sòzinho, com sua dor e medo, a não ser, pela companhia de Deus. A dor que a gente sente junto, o medo, a consciência de que a vida não pode ser desperdiçada com mesquinharias, é imensa, mas é a nossa dor, e cada um a sente de uma maneira única!
      Depois deste acontecimento, há pessoas que recomeçam a vida de onde pararam, contudo com uma nova visão, um novo olhar para as prioridades. Também aí, os valores diferem, para cada um. Mas ninguém passa por isto, sem um renascer diferente.
     Evidentemente, quando foi minha vez, tudo correu bem, porque estou aqui,agora, aflita por uma amiga que talvez tenha que fazer uma cirurgia no coração. Que Deus a proteja também! E que ela se restabeleça logo, e volte a sentir a vida em toda a sua plenitude e do modo que a faça mais feliz e em paz.

texto: Vera Alvarenga
foto: retirada da internet. pode ter direitos autorais.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

- " Uma segunda chance.." - Parte final

   As perguntas geravam respostas conflitantes. Ela parecia querer testar a validade do que sentia.
   - Até que ponto ele é responsável pelo que sinto? Será que ele sabe como lidar com seus próprios sentimentos? Fui paciente, clara o suficiente,pedi o que precisava receber? Eram perguntas que ela se fazia, como se fosse seu próprio acusador.
   Então sentiu raiva. Tinha vontade de bater nele, esmurrá-lo, sacudir-lhe os ombros, despertar seus sentidos para o mundo ao redor daquele umbigo tão estupidamente egoísta! Ao mesmo tempo, tinha vontade de gritar : - Acorda! me ama! a vida não é fácil; juntos será melhor.
    Então, reconhecia o seu fracasso. Não devia ter caminhado os passos que deviam ter sido dados por ele. Amor era coisa pra dar e receber, não para pedir, insistentemente... ela tinha até que lembrá-lo dos gestos que a faziam feliz! Ele mesmo havia pedido que ela o lembrasse "destas coisas que alimentam o amor", mas ela queria receber gestos espontâneos. Ele não poderia lembrar-se dela, por si mesmo?
   Com o reumatismo e  problemas financeiros,ele tornou-se mais difícil de conviver. E ela desejou assumir de vez o direito a seus sentimentos, até sua raiva, até seu egoísmo.Não lhe parecia egoísmo. Parar de conformar-se com migalhas, só porque achava que a vida era mais importante do que ter seus pequenos desejos satisfeitos! Ele mesmo se gabava de satisfazer o que desejava. Ainda não sabia como, mas precisava separar-se dele. Não se sentia amada por ele, para ficar.
   Então, tudo aconteceu num piscar de olhos. Um dia, uma pressão no peito, ao nadar.Ela, teve intuição de que havia um perigo ali. Por um destes milagres da vida e de Deus, dois meses antes, pensando no reumatismo do marido, ela pedira ao filho mais velho para fazer um convênio saúde de presente para o pai. O filho atendeu prontamente o pedido, mas não haviam contado ainda para ele, que era muito orgulhoso para aceitar receber o presente. Aguardavam o tempo de carência e o cartão para o presente completo.
   Após ficarem por um dia inteiro a espera de consulta e exames, em um hospital estadual, o médico sentenciou: " Internação e cirurgia de emergência!" Durante as horas que ele ficou a espera dos exames, ela andou por lá, encontrou o médico que operou sua mãe dois anos antes, e lhe perguntou como estava o hospital, caso o marido precisasse de alguma cirurgia. O médico conhecido lhe disse : - "se fosse com um parente meu, levaria a outro hospital"! Convenceu o marido a ir para casa,para internar-se só após ter tempo de telefonar aos filhos. Ela estava apavorada, mas, como sempre, disfarçou. Na manhã seguinte, a caminho do hospital, mudou o trajeto e dirigiu-se ao Instituto do Coração, que estava no convênio. Então, contou ao marido sôbre o presente do filho. Ele ficou furioso com a falta de respeito dela, por querer controlar as coisas que eram dele! Quis descer do carro. Ela suplicou-lhe para não fazê-lo.
   Ela se perguntava, até que ponto quem ama pode ficar indiferente ao que acontece ao seu lado, com quem fora o amor de sua vida?! Não participar, não ajudar, deixar o outro sòzinho neste momento é que lhe pareceria falta total de amor, humanidade e intenso comodismo.Como ele podia estar sempre sentindo que as pessoas o desafiavam, quando na verdade isto era um natural comprometimento com o outro? Contudo já entendera que seres humanos sentem diferentemente...
   Ao chegar ao hospital tudo foi muito rápido. Após cateterismo, médicos lhe disseram que ele precisaria de uma cirurgia imediata, mas que não tinham condições de fazê-la devido a carência do convênio e aos remédios que ele precisaria deixar de tomar para evitar hemorragia. O chão lhe fugiu debaixo dos pés,  quase sentiu-se desfalecer, mas não tinha ninguém para apoiá-la e precisava evitar que transferissem o marido para o falido hospital estadual. As coisas foram acontecendo rapidamente. Como visitantes não permanecem nas UTIs, ficou a maior parte do tempo no carro,no telefone público e tomando outras providências, que não sabia que tinha forças para tomar.  Só ia para casa de madrugada, para um banho e a fim de dar insulina para a mãe. Não era corajosa. Precisou buscar forças além de si.
   Durante as noites, enquanto ele estava na UTI,encontrou um modo de entrar sorrateiramente pelas portas dos fundos do hospital e ficava quietinha ali, na sala ao lado da UTI, reservada aos parentes de pacientes graves. Parecia a ela, que se não velasse pelo sono dele, poderia ocorrer o pior e temia ir para casa e transferirem seu marido para outro hospital. Por que não a anestesiavam também? Quando tudo se resolveu, a cirurgia foi feita e os enfermeiros faziam "vistas grossas", deixando-a  ficar - ela não incomodava, estava petrificada! Durante o dia, mal ia ao banheiro, para não ter que passar pela sala de espera na recepção  e assim, evitar que outros acompanhantes criassem problema. Mas uma vez se perguntou, se ela estaria sendo prepotente ou teria ilusão de poder para controlar a vida dele, como ele a acusara. Não, ele é que não sabia reconhecer gestos de comprometimento e amor. Não obteve resposta que a dissuadisse de ficar ali. Para ela, era vital que permanecesse, encontrando doadores de sangue, convencendo o médico a ajudá-la com o convênio, orando, enviando luz em pensamento, pedindo a Deus que lhe tirasse um pouco de sua energia e até seu anjo da guarda, e os enviasse para ele. Não sabia como agir diferentemente. Estava amedrontada.O quarto tinha uma janela que abria para uma grande árvore, onde os passarinhos vinham cantar. Isto, certamente ajudaria na recuperação! Ele poderia vê-los se ela mudasse as camas um pouquinho de lugar. E conseguiu, porque enfermeiros e médicos são humanos...
   Durante aqueles 15 dias e muitos outros após a cirurgia, seu pensamento de uma vida independente dele parecia excessivamente egoísta e sem sentido. Ela o amava. Se Deus queria mostrar-lhe isto, ou como era medrosa, ou como precisava do amor dele, conseguiu!!
   E mesmo pelo tempo de recuperação pós cirúrgica e ainda pelo tempo que lutou para evitar que ele entrasse em depressão, como a haviam avisado que poderia ocorrer, e ainda quando sua mãe morreu, e também sua cachorrinha de 14 anos, durante este período de medo e tantas perdas, ela amorteceu seu desejo de ser tratada com mais respeito; compreendeu que ele a amava mas não sabia como deixar de ser tão egoísta.
   Ela reconheceu que também estava sendo egoísta. E acima de tudo,agradeceu a Deus por ter dado a ambos uma segunda chance, prometeu que faria de tudo para vivenciar o amor e não reclamá-lo, afinal, só para a morte, não havia jeito! E acreditou que podiam sair mais fortes e cúmplices, desta experiência.
   Todas estas coisas vieram como um presente da menopausa, numa Caixa de Pandora, dentro da qual só restou a Esperança!
  texto: Vera Alvarenga
  foto:  retirada da Internet

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