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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Arma certeira...ou..." Não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram...”


(Por uma destas coincidências, depois que fiz o post li esta frase que atribui-se a Fernando Pessoa e caberia bem melhor aqui como título)

   Hoje vou lhe contar uma coisa quase secreta. Chega mais perto. Falarei em voz baixa...
   Outro dia fui lá, naquela loja.
   - Quero uma arma, eu disse, aos olhos de quem me olhava desconfiado. Desconfiava que sabia que eu não era capaz de matar uma mosca!
   - E que seja de corte ou tiro, não importa, mas quero-a certeira! Que um só golpe ou toque no gatilho possa acabar com aquilo que, por vezes quase me mata.
   Quase tive de chacoalhar pelos ombros aquele que me olhava impassível, como a não crer que eu fosse capaz.Como se me conhecesse! ou conhecesse as fraquezas humanas, aquelas que percebemos ter bem quando pensamos não ter mais nada novo para sentir.
   Não preciso lhe dizer. Saí de lá sem arma alguma.
   Não porque ele, com seu silêncio, não a quisera dar a mim que ali insistia, mas porque depois de testar algumas, tive certeza de que não era o que eu procurava, desisti. Pois constatei, observando-as, que cada uma conviria a uma situação e exigiria certas particularidades que o caso não poderia atender.
   E para todas seria preciso, sem sombra de dúvida, mão firme e bom foco!
   Como posso ter mão firme se tremo de pensar que estaria cometendo um assassinato ? Se fosse como matar uma barata, aranha ou qualquer animal perigoso e intruso que estivesse em minha casa, enfim, em meus domínios a ameaçar minha segurança e paz, seria fácil. Pois é claro que sou capaz de matar uma mosca nojenta que quer entrar na minha boca ou nadar na comida do meu prato!
   Mas, o que de vez em quando acontece subitamente como o leite que sobe na vasilha em fogo baixo e ferve de repente, e de susto quase me mata a ponto de me descontrolar de minha calmaria...
aquilo que machuca,mas de início começa como uma nostálgica e doce lembrança cujo pensar me dá prazer e me fazia sorrir, aquela presença que pela ausência me violenta de certo modo, nunca esteve suficientemente perto para que eu pudesse fazer a mira certeira, ou mesmo pudesse escolher o que fazer. E nunca esteve suficientemente longe, pois o que de tudo isto introjetei, foi o melhor.
   E então, como posso ter mira certeira, se o que resta de todo aquele pouco para o qual dei muito significado ainda está dentro de mim? Como fazer a mira certeira?
   Melhor continuar com o sorriso brando com o qual saí da loja, e com a certeza de que por vezes estamos lidando com um sentimento, amigo ou inimigo, que está dentro de nós. E matar sentimentos, eu sei bem, é perigoso demais! Ao mesmo tempo que nos anestesia, nos amortece e nos protege da dor da saudades e outras, ao mesmo tempo nos dessensibiliza em relação aos demais sentimentos...e são os sentimentos e a emoção partes importantes de nossa pretensão de viver a vida e ou evoluir nela, na nossa condição humana.
foto/texto: Vera Alvarenga

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